Clube do Garrard 301 e 401

Seguem algumas fotos dos toca-discos Garrard 301 e 401:

GARRARD 301

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GARRARD 401

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Os Garrard 301 e 401, Transcription Turntables, eram apenas o chassis com o motor, prato e controles. Não vinham originalmente de fábrica com o braço e o plinth. A ideia original da fabricação desses Garrard era suprir uma demanda para o mercado dos estúdios e rádios mundo a fora.

Edmar
 
Um pouco da história dos Garrard 301 e 401:

O Garrard 301 foi o primeiro toca-discos de transcrição que tocou nas velocidades de 33 ⅓, 45 e 78 rpm. Era robusto, minimalista e muito bem construído. Ele apresentava um motor de indução Garrard de 4 pólos acionando uma roda ociosa que acionava o prato de dentro de seu aro. O chassi e a bandeja eram feitos de alumínio fundido e pesavam 16 libras - 6 libras das quais era a bandeja. O prato foi balanceado e girado livremente em um rolamento de alta precisão.
O Garrard 301 foi criado pelo engenheiro ingles Edmund W. Mortimer e foi fabricado entre os anos de 1953 e 1965, mas só começou a ser comercializado em 1954. O prato de borda estroboscópica era um opcional e tinha, na época, um custo extra de £2.
O Garrard 301 foi o primeiro toca-discos de transcrição que tocou nas velocidades de 33 ⅓, 45 e 78 rpm. Era robusto, minimalista e muito bem construído. Ele apresentava um motor de indução Garrard de 4 pólos acionando uma roda livre (idler wheel) que acionava o prato pela borada interna. O chassi e a bandeja eram feitos de alumínio fundido e pesavam 16 libras (aproximadamente 7,3kg) - 6 libras (2,7kg) dos quais era o prato. O prato era balanceado e girava livremente em um rolamento de alta precisão.

Há duas séries de Garrard 301.
• Schedule 1 (51400/1): 1953-1957 Rolamento de graxa;
• Schedule 2 (51400/2): 1957-1965 Mancal de óleo.

As especificações do manual permaneceram as mesmas desde o seu começo. Seguem as especificações técnicas:
• Tensão: Faixa dupla 100-130 V e 200-250 V (A corrente real necessária variou ligeiramente dos motores anteriores aos posteriores.)
• Frequência: 50 Hz (níquel) ou 60 Hz (latão) de acordo com a polia do motor instalada.
• WOW: Menos de 0,02%
• Flutter: Menos de 0,05%

Diferenças na produção:
O Garrard 301 permaneceu pouco alterado, além da cor da pintura e as placas de interruptor / velocidade. Uma das principais mudanças iniciais foi a adição de uma crista de reforço (Rim) ao chassi fundido, criando um aro no chassi na periferia do prato.
A pintura tinha inicialmente a tinta esmaltada cinza “martelada” (hammertone). Esta é uma pintura texturizada que era usada para esconder imperfeições no metal. Supõe-se que os 301 cinza foram feitos de bombas derretidas e outros excedentes de armamento da 2ª Guerra Mundial. Muitos dos 301 hammertone foram para a estação de notícias britânica BBC, que não se preocupou com o acabamento, mas ficou feliz com o preço reduzido.
Todos os 301 cinzas não têm aro (rim) sob o prato. Eles não têm uma borda na borda interna do chassi onde fica o prato giratório. Durante o período de transição para o 301 na cor marfim, quando o alumínio de alta qualidade estava novamente disponível, um pequeno número foi feito usando o molde sem o aro. Estes são os mais raros dos Garrard 301. Eles aparecem em torno dos números de série 15.000. Todos os outros 301 têm o aro.
Às vezes, eles são marcados com um modelo. “A” e “2” foram identificados. O modelo "A" refere-se aos aparelhos com polia de latão de 120v e 60Hz, feitos para o mercado americano.
São essas as variações conhecidas do Garrard 301:
1. ROLAMENTO GRAXA E ESMALTE CINZENTO: Placas de fáscia pretas com texto em relevo. Modelo mais antigo. Motor antigo com mais torque do que os modelos posteriores, este motor antigo também requer um pouco menos de corrente (190 a 200Vac e 95 a 100Vac), o que sugere menos ruído; talvez por que eles são tão populares no Japão (90-100Vac). Alguns primeiros não têm uma unidade supressora de chave liga/desliga e o disco de freio de corrente parasita (Eddy current brake) é quase plano. Geralmente aceito que os números de série cheguem a 15.000.
2. ROLAMENTO DE GRAXA E MARFIM: Placas de fáscia pretas com texto em relevo. Como acima, com chassi sem aro. Os mais antigos também apresentam um protótipo de grampo de trânsito com arruelas triangulares e cabeças de parafuso vermelhas, logo substituído pelo grampo de trânsito em forma de T padrão. Eles são muito raros, mas aparecem com mais frequência nos EUA por causa das exportações. Os números de série começam em torno de 15.000.
3. ROLAMENTO DE GRAXA E MARFIM: Placas de fáscia pretas com texto em relevo. Novo chassis moldado com aro (rim). Eles existem? Os únicos vistos são unidades modernas feitas sob medida.
4. ROLAMENTO DE GRAXA E MARFIM: Placas de fáscia de prata com texto em preto plano (silk screen). Produzido até 1957. Novo chassi moldado com aro. A tensão do motor era de 200 e 100Vac. Também tem a nova braçadeira de trânsito com placa em T e cabeças de parafuso vermelhas. Números de série estimados em torno de 20.000.
5. ROLAMENTO DE ÓLEO E MARFIM: Placas frontais de prata com texto plano em preto. Pós 1957. Como acima, mas com novo mancal de óleo. Números de série estimados em torno de 35.000.
6. ROLAMENTO DE ÓLEO E BRANCO: Placas frontais de prata com texto plano em preto. Como acima. Números de série estimados em torno de 50.000.
7. ROLAMENTO DE ÓLEO E BRANCO: Placas frontais pretas com texto plano em prata. Última versão. Motor posterior (215Vac e 107Vac). Mais adequado para 230 V de hoje no Reino Unido. Equipado com tampa do interruptor Mu-metal. Os números de série estimados variam de cerca de 70.000 ao maior número de série conhecido até agora, 82.168.

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Braçadeira de trânsito:
Além do 301 cinza, todos os outros têm grampos de trânsito com cabeças de parafuso vermelhas visíveis sob o prato, perto do idler wheel. Como o nome sugere, eles servem apenas para prender o pesado motor durante o transporte e devem ser completamente afrouxados antes de nivelar e montar. Alguns audiófilos removem completamente a braçadeira de transporte, alegando que seu peso e as molas podem causar ruído.

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Edmar
 
O GARRARD 401:

Comum ao 301 e ao 401 é o excelente chassi e prato de alumínio fundido, o motor maciço, uma transmissão de roda-guia (idler wheel) de qualidade e rolamento principal soberbamente projetado.
O 401 foi lançado em 1964 e foi mais uma atualização cosmética do que qualquer outra coisa, com uma reformulação do estilo da caneta do designer industrial Eric Marshall. Mas houve atualizações mecânicas, incluindo um freio de corrente parasita (Eddy current brake) mais forte, a realocação do interruptor de alimentação para abaixo do chassi, mudanças na "forma do prato" no prato (alguns 401s iniciais têm ainda um prato "plano" do 301) e a instalação de uma lâmpada estroboscópica de néon.
O sistema de transmissão Idler drive do 401 tem sido responsabilizado em alguns círculos por serem ruidosos e, assim, matando o som desses decks. Embora nenhum sistema de acionamento seja perfeito, este projeto supera muitos sistemas modernos de acionamento por correia "escorregadios".
Um calcanhar de Aquiles do 401, é o pedestal. A maioria dos toca-discos eram fornecidos completos e, independentemente do que se possa pensar sobre as caixas de madeira com som coloridos ou sons de subchassi, isso tornava a vida das pessoas mais simples!
Mas se você busca o máximo em performance, a atenção à qualidade e construção da base utilizada é primordial.

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Edmar
 
Agora voltando ao momento presente:

Cerca de seis meses atrás, um amigo me vendeu uma sucata de Garrard 301, que ele havia recebido em troca de uma venda de umas válvulas.
O Garrard 301, da segunda série, estava todo desmontado, pois o meu amigo tinha a intensão de restaurá-lo. Estava com a parte da pintura do chassis e prato bem ruim, com o spindle do eixo e as peças metálicas que não são de alumínio já com oxidação. A haste que segura a bucha do freio do prato já tinha se partido com a oxidação. Mas, o mais grave de tudo era o suporte do motor que estava quebrado em três partes.
Para quem conhece o Garrard 301, sem esse suporte, as outras peças são somente peças.
Após pensar nas possíveis soluções para o suporte do motor, como colar com uma cola forte (Super Bonder), soldar (se não me engano o metal do suporte é o molibdênio e não aceita solda), parti para a primeira opção, que foi a cola. Colei a peça e percebi que além de quebrada, ela estava torta.

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Parti para procurar na Internet alguém que vendesse essa peça, mesmo que usada. Não achei. Foi daí que pensei na impressão de uma peça substituta em 3D. Procurei na Internet quem poderia fornecer esse serviço, sendo que, o fornecedor além de imprimir, teria que fazer o desenho da peça com base em uma peça original quebrada e torta.
Pesquisei no Mercado Livre e achei vários anúncios de impressão em 3D, mas me ocorreu: será que o material plástico utilizado na impressão teria resistência e rigidez suficiente para o que eu necessitava? Resolvi questionar aos anunciantes sobre essa questão. Somente um me respondeu e, para minha sorte, me pareceu bem honesto e competente. Ele pediu que eu enviasse fotos e informações sobre a referida peça.
Após várias trocas de mensagens, o anunciante informou que ele tinha vários tipos de materiais de impressão e que aconselhava fazer a impressão com um polímero plástico com grafeno.
Depois de um acerto prévio dos custos, enviei para o anunciante o suporte do motor e a carcaça do motor, sem o rotor, com os respectivos pinos e molas para montagem. Ele foi bem prestativo, pois fez o desenho, me enviou para aprovação e sugeriu alguns pontos de reforço e modificações de modo a melhorar a rigidez da peça. Após fecharmos numa solução, ele fez uma impressão e fez um teste de campo. Percebemos que ainda seria necessários alguns ajustes no projeto e foi feita a impressão final.
Segue em anexo a foto da peça impressa em 3D.

Suporte do motor Impresso3D1.jpg

Aproveitando a oportunidade (por que não?), fiz também uma nova peça para substituir o suporte da bucha do freio do prato que havia quebrado devido a oxidação.

A primeira imagem é da peça original nova. A segunda imagem é a peça impressa.

Suporte da Bucha do Freio do Prato.jpg

Suporte da Bucha do Freio do Prato_Impressão 3D.jpg

Edmar
 
Como não tinha certeza de conseguir um suporte substituto para o motor, todo o restante da restauração do Garrard 301 estava em compasso de espera.
Antes da montagem, ainda tenho que fazer:
- Mandar dar um banho de ácido para retirar a oxidação das peças metálicas e depois um banho de zinco amarelo;
- Pintar o chassis e o prato;
- Após essas etapas verificar se terei necessidade de algum parafuso ou rebite adicional;
- Como o único vendedor que conheço das placas de controle on/off, velocidade e freio (Classic HiFi), não faz vendas para o Brasil, mandei as originais para uma pessoa recondicioná-las. Vamos ver como ficam!
Felizmente, já consegui comprar todas as partes que serão substituídas, tais como molas, botões de controle, "idler wheel", rolamentos do "idler wheel", bucha do freio do prato, parafusos de fixação do chassis, capacitor supressor de surto, clips de fixação dos pinos das molas do motor etc.

Eu consegui comprar esse kit da Classic HiFi pelo eBay. Essa loja tem muitas outras peças para os Garrard 301 e 401, mas só no sitio da loja na Internet, que não vende para o Brasil (não sei se conseguem adivinhar o por quê!):

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Edmar
 
Continuando a restauração do Garrard 301, semana retrasada levei os metais (foto acima) ou linkeages para uma limpeza (retirada dos pontos de oxidação) e para um banho de zinco amarelo para uma camada de proteção para que a oxidação não retorne. Hoje pequei as peças. Ficaram como novas. Seguem as fotos abaixo:

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A foto de como estavam antes está na minha postagem anterior de 01/10/21.

O próximo passo é a pintura do chassis e do prato. Terá algumas camadas de uma pintura base e outras camadas de uma pintura do tipo automotiva. Ainda não me decidi pela cor. Estou pensando em talvez vermelha.

Edmar
 
Edmar, caso este suporte 3D em plástico não seja rígido o suficiente, você pode procurar por empresas em SP que fazem 3D em metal.
@MAURO MENDES
Obrigado pela dica. Se você conhecer algum, por favor me passe o contato. Sempre é bom conhecer alternativas.
Mas a pessoa que fez a peça pra mim garantiu que a impressão com grafeno é bastante confiável.
Edmar
 
Última edição:
Bom, depois de resolver o problema do suporte do motor, pois foi uma questão essencial para viabilizar a restauração do Garrard 301, a próxima etapa foi partir para a pintura do chassis, do prato, do suporte do motor e, eventualmente de algumas peças metálicas.

Decidi por utilizar as cores pretas: com brilho no chassis e semi fosco no prato e manter o cinza martelado nas demais peças.

Aplicação do prime:

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Desmontagem das peças e do motor para a pintura e troca do rolamento:
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Edmar
 
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